Ontem acabou o Mundo.
Ficou da vida a história
Da consciência lancetada,
Perdida, escória
E lixo de faminto fedor,
Que era visto o horror
Mas quem via era cego,
Não senciente à dor.
Hoje são pútridos
Os restos de actos e palavras,
Chagas desamparadas,
Que delas fugiu a cura.
Na pustulenta, infecta memória,
É veneno genocida
O que conta, contraditória,
A lembrança ida.
Amanhã será pó
Sem fértil medida,
Nada, conteúdo vazio
Vindo do sem vida.
No esquecimento,
Que nada o lembrará,
Será mundo ao vento,
E o vento o levará…