Quem me diz, sempre diz,
Que viver em vida
É não espreitar a Morte,
E estar vivo por ela
É espera-la com um ramo de flores
Como se esperam os amores
Para um jantar romântico.
Se espreitas por postigos
As entranhas dessa viúva
Não esperes ventura que te venha,
Pois essa foi em vida
De uma azarada sorte,
Foi aos céus estendida
Ao embalo da mortalha,
A prestigiada Morte.
Criança era, frágil e sensível,
A quem detestam os vivos
Por ser enigma incontestável,
E, para alguns, mais que terrível.
Vive agora, palpável aos invisíveis,
Num frio que gela os sorrisos
Esperando quem espreita
Por cadentes postigos,
A criança viúva que se enjeita
Nas flores dos amores
Dos seus pares perdidos.
2 comentários:
Andas a escrever poemas tão tristes, Leto. Tão "escuros". Lindos, ainda sim.
The Dark side...
O escuro é bonito, não faz mal aos olhos xD
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