Uma vez, contei uma história a uma criança. Começava com um princípio mas não tinha fim. Contei vezes e vezes sem conta, que me repeti, dia após dia, ano após ano, infinito após infinito, no entanto não lhe discerni o fim. E não o saber doía, que a dúvida carcome e belisca, corrói lenta da fome de devorar. As cordas apertam, as grilhetas ferem e a curiosidade goteja monótona segundo a segundo, gritando muda ao mundo escondido. Alaga-se, mas é contínuo o gotejar, que não se afoga o ser sem o saber, apesar de não respirar. Ora, não é vivo nem morto. Poderei chamar-lhe imortal? Se não pode morrer não está vivo e se não está vivo não pode morrer. Até um dia esta história acabar. Porém, era uma vez uma história sem fim… E por ela, serei imortal, no profundo por descobrir.
4 comentários:
Tão giiiiro. È engraçado porque as primeiras frases são bastante simples, mas depois entram as metáforas e os vocábulos menos comuns e as construções frásicas mais complexas.
Gostava que todas as tuas histórias também se prolongassem para sempre. *
Qualquer história, mesmo que lhe ponhamos um fim, nunca o terá, mesmo que o queiramos!!!
Outro virá, que um acrescento lhe colocará...
"Se não pode morrer não está vivo e se não está vivo não pode morrer."
É UM ZOMBIE! :O
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Está tão lindo, adorei :)
É um conforto não saber o fim, mas quase tudo se aproxima desse limiar, quando se chega lá e se houver oportunidade sorrir e saltar para uma dimensão de liberdade é melhor
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