domingo, 25 de junho de 2017

Fantasma de ninguém


Hoje falei
Com o fantasma de ninguém.
De si consumia
A solidão do que não mais havia
No existir.

Porém não era sua a inexistência,
Conquanto a persistência
De a obter.
“Somos eternos”, acabei por dizer;
Não aceitou.

“Há na distância
O início que reencontra a infância
Do Mundo,
A do seu inato fecundo,
Cerne de nós”.

Ele hesitou,
“Mas não há ninguém no que sou”.
O rumorejar
Ecoou na floresta, na terra, no ar,
Infindo.

Sorri,
“Há um pouco de tudo em ti”.
Abarquei no olhar
O horizonte que havia a explorar,
Desconhecido.

Ele sorriu também
E partiu para ser alguém,
E conhecer
O que o Mundo poderia ter
De si.

Three of Wands, ©Stephanie Pui-Mun Law, 2004-2010

Ayalal,
10.Gozran.4711

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