terça-feira, 11 de janeiro de 2011

O Dia


Seabird Mimicry, Tom Chambers

Um fim se avistava
Na maresia que o olhar alcança.
O perfume que emanava
Insurgia o som da Esperança.
Era o grito que urgia
Pela madrugada daquele dia.

“Que dia?” perguntou o Ente
D’uma alma que eram várias unas.
E respondi eu, dito demente,
Sussurro que varreu da alma as brumas:
O dia cego do Anjo e do Fado,
Que o proclamaram Deus e Diabo.

E esconjurou-me com palavras,
O ouvinte que ouvia o paladar.
Que se desvirtuaram almas amargas
Num trôpego passo do meu bailar.
A corda partira-se e fugira
Do acorde que do Ente emergira.

Mas que bailado era o meu
Na sinfonia desse dia!
Um sopro de vida de Romeu
Um suspiro de Julieta que se perdia.
E uma caravela rumando ao largo,
Era chegada a vinda do Aventurado.

(Parte integrante de um conto intitulado "Uma Alma Lisboeta")

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