Naveguei só, por brumas distantes de solidão.
Clamava a minha voz tons raquíticos de dor,
Gritava ao silêncio que em redor era tudo.
“Ó silêncio, silêncio! Como és vasto e intragável!”
Contudo, nada ele me dizia, de nada me alimentava.
Oh! Nada de mim ele queria, nada tinha eu para oferecer.
Tinha silêncio, e isso não queria ele mais,
Tinha já a essência que era dele, tinha-me.
Só, e como ele me acompanhava…
Mendigava-lhe eu sussurros, mas ele dava-mos mudos!
Maldito fosse! Maldito que o trespasso com inglórias palavras.
Que sangre as letras escondidas que não são suas!
Arrancar-lhe-ei do peito o coração vil que não bate e…
E…? O que farei com ele?
Que martírio é este que me faz mentir a mim própria?
Amo-o. Oh sim, é verdade. E amá-lo-ei.
Rejeito-o por quere-lo, odeio-o por não o ter.
É seu o silêncio e eu nada tenho, nada sou.
Recorta-me o estilhaço que detenho por não ter o seu amor.
Esconder-me-ei nas brumas que me acolhem.
Ficarei junto à solidão sem palavras.
Dar-lhe-ei as minhas já que não as queres tu, ó silêncio da vida
Que por me pertencer é com desprezível ódio minha.
4 comentários:
faça-se silêncio a escrita surreal e de uma qualidade que se vangloriza a si mesma só pela redacção.
Adorei.
Um poema com pormenores lógicos interessantíssimos
Pormenores lógicos interessantíssimos?
Bem, se o dizes... xD
Mas obrigada ^^
E como é precioso o silêncio. Mas nunca o ouvi verdadeiramente.
Maravilhoso, Leto.
Existe tão grande número de espécies de silêncio ^^
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