Sobre as ameias do rio
Espreita dentro, olho fora,
Sorriso doce de demora,
Brilhar ardente de frio.
E pensasse água em fogo pardo,
Seco da sede que o encalça
Espreita escondido da vidraça
Nítida, palpitante bardo.
Torna então escamas em plumas,
Pronto de asas abertas,
Voa distante, distâncias certas
Em canto seu das dunas.
E olha-o espantado, é mágico
Tesouro que te roubas em alma.
Quere-lo, voar nadando em salva
Sonhos de tão fim trágico.
Não o queiras, é dele as vontades,
Donde nascem espigas do mar,
É peixinho contente a nadar,
De voar não prende saudades.
Pois o faz, vivo em vivências
Mago metafórico de metamorfoses!
Sente-o, é puro de vozes
Rico de conscientes inconsciências.
Doravante, meu caro, doravante,
Dormirás pleno na água que voa
Desse corrido rio que entoa
Canto algures distante.
Pois saberás peixe que sonhou
E a quem Liberdade livraste.
Podes não voar, mas amaste,
Ser esse que nadou e voou .
1 comentário:
Como sabes, adorei *
Tiago
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