Escutas o soprar do vento nas velas que se hasteiam? Ele fala, sabias? Conta histórias do mundo ao Mundo, cantadas em furores e fulgores que só ele sabe enfatizar. Não te rias, é verdade. Quando toca na tua pele, transportando no seu corpo areias de desertos longínquos, conta-te as histórias dos grandes magos que secaram lagos gota a gota, que separaram os mares em dois, que plantaram flores nas nuvens e dançaram com fadas nos mundos distantes que nos tocam. E se mergulhares nestas águas que nos rodeiam, verás sereias que nos espreitam curiosas e tímidas, aquelas das lendas que encantavam marinheiros e os faziam naufragar. Olha! Penso ter visto um pouco do seu cabelo flamejante ondular na maresia! Mas não te preocupes, não nos querem elas mal, estão só curiosas de ouvir também o Deus Vento que sopra manso, falando de florestas míticas onde se ama e venera a natureza. E sabes quem as habita, correndo alegres por entre troncos macios e nodosos, descalços e sempre belos? São os elfos, quem mais poderia ser? Eles que falam a língua da Mãe Natureza e sofrem quando ela sofre. Muitos pensam que se extinguiram ou abandonaram para sempre este mundo, desgostosos dos actos feitos e desfeitos que muitos infligem. Mas eu digo-te que é mentira. Nos confins inexpugnáveis, cantam à natura gente que os ouve. E digo-o porque os ouvi um dia. Se escutares esta brisa que enfuna as velas do teu barco, dir-te-á que concorda comigo. E chamas-me louco? Oh! Lamento por tal ouvir. Mas não irei discutir tal desavença ou falta de crença contigo. Prefiro ouvir as histórias, o canto belo que sopra doce no assobio do vento. Quanto a ti, entretém-te com a arte de navegar. E se vires alguma sereia acenar-te, aproxima-te. Ela só quer conversar. E talvez, quem sabe, te enamores dela e aqui fiques, banhando-te na maré do desconhecido. Mas nada temas, pois é singelo e belo. Só se esconde por pensar que não simpatizarás com ele.
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