Ten of Swords, by PuimunRepousei, de respiração vagarosa
Caminhando semi-passos de prosa,
Enquanto os versos corriam de mãos dadas
Sem esperar a pausa do descanso,
Inspirando o folgo inexistente.
Escaparam-se do olhar.
Perderam-se no horizonte obscurecido
Do decair diurno, enquanto a estrela mãe
Murmurava a sua despedida.
Partiram com ela.
E então, o crepúsculo cobriu-me.
Tão ledo e sussurrado, uma fracção de tempo
Tomada à noite que se erguia.
E ergui-me eu, no súbito do obscurecer,
Pois a ele não o queria.
Senti o afagar daquele redor que no adormecer
Sonhava por acordar noutra vida, e sorri.
Quão belo era aquele passar que não se coibia
Da maravilha de o ser no seu escasso tempo,
Aquele tempo que seria meu.
E abarquei-o com um abraço.
Apertei-o de encontro ao peito que gelava,
E absorvi-o, aquele que não era noite nem dia.
Aquele que não era calor nem frio,
À brisa amena.
E sim, seria eternamente meu.
O meio-termo que dita o fim e o início,
Na sua intrínseca fusão.
Um dos corações do mundo,
Preso ao meu coração.
Encerro o olhar para adormecer com ele,
Mas eis que oiço um canto
Em línguas passadas e idiomas por gerar,
No berço do correr do tempo
Do qual nascera.
Um canto histérico e murmurado,
Um cantar de eterna e dolorida alegria
Que se martirizava em prantos
Da sua perpétua e leda agonia.
Que eles tinham regressado!
Aqueles fugidios calcorreantes do mundo,
Almas doces e amargas de antagónico pensar,
Retornaram à pátria deste mundo e curvaram-se,
As mãos estendidas ao crepúsculo,
Convidando-o a dançar.
Que agora o meu bem-amado seria deles,
Enquanto eles seriam meus. Ambos meus.
Os Versos e o Crepúsculo. Talvez Versos Crepusculares.
Abrigados dos que se diziam reis,
Mas que, no entanto, não o eram.
E, numa noite remota de um tempo futuro,
Partiria à conquista do Amanhecer.
Que o Dia e a Noite seriam meus, sem o serem,
E os versos cantariam tão mais alto!
Para que deles os deuses não se pudessem esquecer.