quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Com um trejeito que abarca o mundo


Com um trejeito que abarca o mundo
Amparo a vida. Trémula,
Ela derrapa nas incongruências
De que é feito o senciente,
E a consciência pesa quando não há
Peso a sopesar.

*

With an expression that covers the world,
I sustain life. Tremulous,
It slithers in the incongruities
Of which the sentient is made,
And consciousness weighs when there isn’t
Weight to weigh.

Ayalal,
09.Sarenith.4711

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

A vida


A vida
Não é brisa,
Que a brisa é eterna.
A vida é um sopro
Que a alma expira
À despedida.


Life
Is not a breeze,
The breeze is eternal.
Life is a breath
The soul expires
At departing.

Ayalal,
08.Sarenith.4711

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Porquê sentir?


Porquê sentir?
Por que razão caminhar,
Quando cada passo é espinho e fogo
Que arde com o devir?
Porquê chorar?
Porque permitir ao sonho
Que avance para s’iludir
E morrer?
Porquê viver?
Por quem? Por mim?


…Por ti.

*

Why feel?
For what reason are we walking,
When every step is thorn and fire
That burns with becoming?
Why cry?
Why allow the dream
To advance only to deceive itself
And die?
Why live?
For who? For me?


...For you.

Ayalal,
07.Sarenith.4711

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Perscrutei a palavra "Ser"


Perscrutei a palavra “Ser”.
Havia nela ditame e profecia,
Ardente e fria filosofia
Reafirmada no que é viver;
Ambíguo, o destino é pertença
Sua, e Sua é a hora de morrer.
Mas tomado o morto a vida sem a ter
Armai-vos da crença

              e ponderai na alma que se esvai.

Dedicado ao Hal
da Igreja de Pharasma de Kaer Maga

Ayalal,
10 de Arodus de 4711

domingo, 19 de novembro de 2017

Tomei notas de ti


Tomei notas de ti,
Do teu sorriso que ri
Verdades e mentiras;
Do teu gesto
Cheio da encenação
Que representas para a vida;
Do teu passo rápido
Que lento aproveita a acção
E baila enquanto palmilha
Meu coração.

Porém não há bailar
Nas notas que tomei.
As palavras são palavras vazias
Que te recordam.

*

I took notes of you,
Of your smile that laughs
Truths and lies;
Of your gesture
Full of the staging
That you represent for life;
From your fast pace
That slow takes the action
And dances
While it treads my heart.

But there is no dancing
In the notes I took.
The words are empty words
That recall you.

Ayalal,
04.Sarenith.4711

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Até conhecer o Fim


Der Krokodilstempel von Kom Ombo am Nil, Ernst Koerner (1922)


Até conhecer o Fim,
Caminharei,
Fugindo Dele;
Espreitarei
O horizonte onde s’estende
Em vigília eterna.
No dia em que me falar “vem”,
Eu irei
Em seu abraço.

*

Until I know the End,
I will walk,
Fleeing from It;
I will peek the horizon
Where It extends Itself
In eternal vigil.
The day It tells me "come",
I will go
In Its embrace.

Ayalal
02.Sarenith.4711

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Despe-te do preconceito da existência


Despe-te
Do preconceito da existência
E sê
Cada detalhe tingido
De vida.

*

Strip yourself
Of the prejudice of existence
And be
Every detail dyed
Of life.

Ayalal,
30.Desnus.4711

sábado, 14 de outubro de 2017

Escrevi em tinta de nada


Escrevi em tinta de nada
E tornei vazia
A caligrafia
Do sonho d’amanhã.

Em mim
Não irás ler almejo,
Nem mesmo o desejo
De te matar.

*

I wrote in ink of nothing
And made empty
The calligraphy
Of tomorrow's dream.

In me
You will not read craving,
Not even the hankering
To kill you.

Ayalal,
28.Desnus.4711

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Dá-me a mão


Dá-me a mão.
Dancemos sob a chuva do passado
Que fria se condensa
No coração.

*

Give me your hand.
Let's dance under the rain of the past
That coldly condenses
In the heart.

Ayalal,
20.Desnus.4711

terça-feira, 10 de outubro de 2017

Ao nascer


Ao nascer há em ti
Uma caixa vazia.
Nela não guardarás a vida,
Mas o molde d’anamnesia
Do que é viver.

*

At birth there is in you
An empty box.
You will not keep life in it,
But the anamnesis mold
Of what is to live.

Ayalal,
17.Desnus.4711

sábado, 7 de outubro de 2017

Sem palavras


Sem palavras,
Ele chora
As folhas caídas
Do Outono.

*

Without words,
It weeps
The fallen autumn
Leaves.

Ayalal,
12.Desnus.4711

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

There are things we believe in


There are things we believe in,
And things we don’t believe in at all;
At the end, believing is a sin
That hurts more than the truth
Where we all fall.

*

Existe aquilo em que se crê,
E o que não se crê de todo.
No fim, a crença é pecado
Que dói mais que a verdade
Na qual tombamos.


terça-feira, 22 de agosto de 2017

O que é a luz na escuridão?


O que é a luz na escuridão?
É inspiração
Que oferta seu raiar.
Quiçá nos estenda a mão,
Quiçá seja sua a intenção
De nos matar.

Ayalal,
09.Desnus.4711

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Despojo-me de mim


Despojo-me de mim.
Sou livre,
Na consciência de nada ser.

*

I deprive me of myself.
I’m free,
In the conscience of being nothing.


Ayalal,
02.Desnus.4711

domingo, 23 de julho de 2017

Recordo a tua alegria


Recordo a tua alegria
Com a dor que atenta
Contra mim e ludibria
A sanidade;

Recordo o teu sorrir,
Tão puro
E sem de si fingir,
Que me oferecia o Sol;

Recordo o toque morno
Do abraço que detinha
Mundo e sonho
Que se esvaiu.

E choro...
Choro a cada dia fugidio,
Ao qual imploro
Por ti.
Ayalal,
28.Gozran.4711

terça-feira, 18 de julho de 2017

Há, sob meus pés


Há, sob meus pés,
Um trilho trôpego que descalço
Se palmilha em busca de mim.
Desconheço o rumo que segue;
Quiçá me encontre no fim.


June in the Austrian Tyrol, John MacWhiter (1892)


Ayalal,
25.Gozran.4711

quinta-feira, 6 de julho de 2017

A ausência remexe-se


A ausência remexe-se 
E rouba o fôlego do que é vivo, 
Rouba, com um sorriso 
Que rasga o peito, 
Em seu vil trejeito 
D’agrado entristecido.

*

Absence fidgets and steals
The breath of what is alive,
It steals, with a smile
That tears the breast,
In its vile grimace
Of sorrowful pleasure.

Ayalal,
20.Gozran.4711

quarta-feira, 5 de julho de 2017

Há o esquecer


Há o esquecer
E o esquecido,
E o recordar
Daquilo que no tempo
É volvido.

Ayalal,
13.Gozran.4711

segunda-feira, 3 de julho de 2017

Há mortos que vivem


Há mortos que vivem
No horizonte de um olhar cego,
Acomodados nas montanhas
De cumes pensados
E sopés esquecidos,
Envelhecendo e extinguindo
O Tempo na Eternidade.

Ayalal,
14.Gozran.4711

domingo, 25 de junho de 2017

Fantasma de ninguém


Hoje falei
Com o fantasma de ninguém.
De si consumia
A solidão do que não mais havia
No existir.

Porém não era sua a inexistência,
Conquanto a persistência
De a obter.
“Somos eternos”, acabei por dizer;
Não aceitou.

“Há na distância
O início que reencontra a infância
Do Mundo,
A do seu inato fecundo,
Cerne de nós”.

Ele hesitou,
“Mas não há ninguém no que sou”.
O rumorejar
Ecoou na floresta, na terra, no ar,
Infindo.

Sorri,
“Há um pouco de tudo em ti”.
Abarquei no olhar
O horizonte que havia a explorar,
Desconhecido.

Ele sorriu também
E partiu para ser alguém,
E conhecer
O que o Mundo poderia ter
De si.

Three of Wands, ©Stephanie Pui-Mun Law, 2004-2010

Ayalal,
10.Gozran.4711

sábado, 10 de junho de 2017

As voltas e revoltas do espírito


As voltas e revoltas do espírito
Evolvem com a vivência
Da lembrança e do sorriso
Que desfolham a mágoa.

Ayalal,
5.Gozran.4711

sábado, 3 de junho de 2017

Escuto o choro de uma criança


Escuto o choro de uma criança
À beira da estrada caído.
Quebrou-se,
Quando era ainda sorriso
A aprender o trejeito de ser.

Ayalal,
2.Gozran.4711

domingo, 21 de maio de 2017

Há um cansaço


Há um cansaço
Que escava e mói
A vontade,
Uma fadiga densa
Que devora
Com seu suspiro,
Até ser vazio
O interior de quem jaz
Morto, ainda vivo.

Ayalal,
30.Pharast.4711

quinta-feira, 18 de maio de 2017

Há um fim


Há um fim
Que o espírito ampara,
Na consciência de si,
Um término que recomeça
No abraço
Do mundo a quem nasceu
E partiu.

Ayalal,
26.Pharast.4711

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Há um lamento


Há um lamento
Que ecoa no espírito
Do vento,
Um murmúrio que ele canta,
E em seu escutar
Sente-se do segredo o intento
Da dor que é alento
E amar.

Ayalal,
23.Pharast.4711

quarta-feira, 10 de maio de 2017

Persegue-me


Persegue-me
O pensamento que é infindo,
Tingindo
A perpétua cadência
Da lágrima.

Ayalal,
07.Pharast.4711

quinta-feira, 4 de maio de 2017

A morte tem


A morte tem
Um gosto a desdém
Que entoa na alma o desejo
De ser oca
Para não sentir.

Ayalal,
02.Pharast.4711

sexta-feira, 14 de abril de 2017

Doravante chamemos ao pensamento


Doravante chamemos ao pensamento
A casa que nos habita
No acolher de nós mesmos.

Ayalal,
27.Calistril.4711

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Herói


Herói
É o que conquista,
De gume embainhado,
A inspiração e o sorriso
Inusitado,
O que combate
Contorcer que é esgar
A deformar
Este espírito contido,
E lhe salva o sentido
De existir.

Ayalal,
30.Gozran.4700

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Sentado na amurada do mundo


Sentado na amurada do mundo,
Retorno ao silêncio para escutar,
Longínquo, o mar
Que revolve em si as praias
De cada um.

Oiço a maré, que vai e vem,
Cada onda que grita,
Ou hesita
Em tomar da areia
Um grão de pensamento.

Quedo, permito-me ser oceano,
E vogar num instante
O Inconstante
Que muta na maresia
Do que é Tudo.

Miranda, John William Waterhouse (1875)
Ayalal,
02.Desnus.4700

domingo, 2 de abril de 2017

Os sonhos são flores efémeras

Meadow, Anna Billing (1849 - 1927)

Os sonhos são flores efémeras
Que colhes, sorrindo.

Ayalal,
07.Desnus.4700

sábado, 1 de abril de 2017

Recomeço, na vaga de luz


Recomeço, na vaga de luz
Que toma o dia
No nascimento de si.

Ayalal,
26.Gozran.4700

Vê de que forma é perfeita


Vê de que forma é perfeita
A imperfeição.
Há beleza naquele detalhe
De incerteza
Com que a moldou
A Criação.

Ayalal,
23.Gozran.4700

terça-feira, 28 de março de 2017

Desembainha a pena


Desembainha a pena
E trespassa
A folha que te retém,
Ferindo-a com a palavra,
E tornando-a refém
Do pensamento.

Ayalal,
17.Gozran.4700

segunda-feira, 27 de março de 2017

Dói-me a lágrima


Dói-me a lágrima
Que espreita de teu olhar
Sem nunca cair.

Dói-me o sorriso
Que disfarçado de alegria
Jamais vacila.

Dói-me ver
A verdade subtil
Que se esconde na mentira.

Dói-me, e cinjo
Ao peito o estremecer
Em ti contido.

Ayalal,
12.Gozran.4700

domingo, 26 de março de 2017

Mais além há o mundo


Mais além há o mundo
Que sussurra curiosidade
Ao que o imagina.
Não escutas dele
O inexplicável que apela
À tua ida?
Toma o seu encanto
Na tua vontade
E parte
Com a despedida.


A Grand View of the Sea Shore, Claude-Joseph Vernet (1776)

Ayalal,
07.Gozran.4700

sexta-feira, 24 de março de 2017

Se é eterno o esquecimento


Se é eterno o esquecimento,
Bane-se a existência
Para o não existir.

Ayalal,
02.Gozran.4700

terça-feira, 21 de março de 2017

Escrevo, para reescrever


Escrevo, para reescrever
O olhar de quem vislumbra
O mundo,
De alma repartida
No contínuo do verso.

Ayalal,
31.Pharast.4700

Era inóspita


Era inóspita,
E a luz rasgava o olhar.
O vento soprava ameaças
Ao desconhecido,
E ela tremia, feliz,
Espreitando o sopé,
Frágil, porém firme de raiz,
A donzela da montanha,
Solitária.

Ayalal,
26.Pharast.4700

Pergunto, por vezes


Pergunto, por vezes,
Ao silêncio cadente,
Que existência é a sua.
Porém, ele não responde,
Ele não me escuta,
Nesse seu instante
De inexistência.

Ayalal,
25.Pharast.4700

domingo, 19 de março de 2017

O céu é dos que voam


O céu é dos que voam
E dos que sonham
Vir um dia a voar,
Tomando em si a imensidão
Do que é livre

(E a força d’acreditar).

Ayalal,
20.Pharast.4700

sábado, 18 de março de 2017

É d'ouro o Sol que abarca o mundo


É d’ouro o Sol que abarca o mundo,
Seu sorriso raiado do alento
Que me inspira e instiga
A ser feliz.

Ayalal,
17.Pharast.4700

Há um oceano


The British Channel Seen from the Dorsetshire Cliffs, John Brett (1831–1902)

Há um oceano
De águas calmas,
Em teu olhar,

De um azul profundo
Donde, por vezes, escuto
O marulhar

E o sussurro
Que a mim envolve
Ao mergulhar.

Ayalal,
16.Pharast.4700

terça-feira, 14 de março de 2017

Dançamos


Dançamos,
Quando a chuva é criança a brincar
Connosco, no areal;

Cantamos,
Na bênção dos deuses que vislumbram
Nosso sorrir;

Tocamos,
A ária das mãos que se dão, suaves,
Porém sem apartar;

Vivemos,
A música que descalça corre a praia
Para ser feliz.

Ayalal,
11.Pharast.4700

sexta-feira, 10 de março de 2017

Há suspiros


Há suspiros
Que drenam alento
Até a Vontade expirar.

Ayalal,
06.Pharast.4700

quinta-feira, 9 de março de 2017

Sois feitos de luz

Lantern 02, Snowfake (2012)

Sois feitos de luz,
Pequena chama que oscila
Na candeia do corpo.

Ayalal,
02.Pharast.4700

quarta-feira, 8 de março de 2017

Ontem não vivi


Ontem não vivi.
Caminhei morto na sombra
Que se vergava ao dia
E fugia de si.

Ayalal,
27.Calistril.4700

domingo, 26 de fevereiro de 2017

Não aceites a vontade


Não aceites a vontade
Cujo sentido trespassa a verdade
Com a falácia de ser verdadeiro.


domingo, 19 de fevereiro de 2017

Há sorrisos que despontam


Há sorrisos que despontam
Das lágrimas que semeiam
Alento.

Ayalal,
22.Calistril.2700

sábado, 18 de fevereiro de 2017

Prefiro morrer


Prefiro morrer
A perder a vida que desenho
Em linha tosca de carvão,
A mesma que teu pincel
Preenche e pinta de pigmentos
Que permutam no mural
Do coração.

Ayalal,
27.Calistril.4700

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Eis caído o céu


Eis caído o céu, 
Quando em si o Sol chorou 
A distância que o aparta 
De seu amor. 

Toca-o a memória do luar, 
Doce e efémero, 
E o silêncio que é triste 
Melodia.

Ayalal,
25.Calistril.4700

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Não existe fim no finito


Não existe fim no finito
E o finito mente quando diz
Que em si existe um fim.
A nós mentimos sem pensar,
Ao imaginá-lo assim,
De termo constrito,
Quando é contínuo e circular,
Quando é indistinto
E quando a distinção
Ludibria o sentido,
Sendo somente ilusão
Que nos tenta enganar.

Ayalal,
20.Calistril.4700

sábado, 11 de fevereiro de 2017

Troam na noite

Night Travellers at a Cross, László Mednyánszky (1880)

Troam na noite
Os espíritos dos que foram,
Mas não vão.
Retidos na recordação
E embargados
No que amaram,
Pairam
E estendem a mão
Aos que ficaram.

Ayalal,
13.Calistril.4700

Sorvo alento do sorriso

Rapture, Henry John Stock (1853–1930)

Sorvo alento do sorriso
Que se ergue da alva fresca
Para nos braços tomar
O novo dia nascente.

Ayalal,
31.Abadius.4700

Rouba da inexistência


Rouba da inexistência
A vontade de nada ser,
Para que exista nela
A tal ânsia de viver.

Rouba e guarda-a
Selada para não fugir,
Que é perene essa vontade,
A de não existir.

Que perdure o encanto,
Que a possa prender
A vontade acrescida
De poder Ser.

Ayalal,
17.Calistril.4700

sábado, 4 de fevereiro de 2017

O vento chora


O vento chora a lágrima da criança
Que fugiu em seus braços,
Com a Senhora que estendeu a mão
Aos seus olhos baços.

Porém, ninguém vê ou sente,
Ninguém escuta o soluçar,
Do vento que abraça
O pequeno expirar.

Caído no frio que o toma,
O único que o quer tomar,
O vento uiva na noite
A dor do apartar.

Ayalal,
16.Calistril.4700

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Há na luz a sapiência


Há na luz a sapiência
De como cerziu o Sol
A essência
Que te alumia.

Ayalal,
27.Abadius.4700

Exaurido, o rio expira

Fog on the Lake, Debra Krakow

Exaurido,
O rio expira a bruma
Do curso que corre em busca
Da una parte que se afasta,
Sem se apartar.

Contudo,
O seu suspiro perde-se
No inspirar de quem o vê partir,
E (a)guarda em seu seio
O eterno retornar.

Ayalal,
10.Calistril.4700

sábado, 28 de janeiro de 2017

Despe-te do preconceito


Despe-te do preconceito,
Esse traje d'esgar
Cerzido em espinhos,
E passeia nu
Com a nudez dos espíritos
Que se despem,
Como tu,
Do julgar incontido
De quem não pondera.

Ayalal,
02.Calistril.4700

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Não esperes pelo amanhã


Não esperes pelo amanhã,
Que o amanhã inspira
O eterno esperar.
Toma o hoje de essência;
Que cada fracção esguia
Seja molde
Do teu próprio Sol,
O delineado da acção
Que move o pulsar,
E pinta o inato
Do tom exacto
Que é o teu imaginar.

Ayalal,
30.Abadius.4700

domingo, 22 de janeiro de 2017

Toma em fogo as rédeas


Candle, Vladimir Kush

Toma em fogo as rédeas.
Que arda o couro que apreende a vontade,
E sejas livre de coração.

Ayalal,
19.Abadius.4700

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

O peito que não bate


O peito que não bate
Embebe o frio.
Porém, parado,
Inspira-lhe o coração
Malvado,
O desejo de ser vivo.

Ayalal,
23.Abadius.4700

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

És desenhado a poesia


És desenhado a poesia
Lírica, delicado
O traço que te contorna
O céu do olhar.
Viva, a rima sorri
Em ti a alegria
Que não é fingida,
E o verso arrepia-se
Ao grácil movimento
Do declamar.

Ayalal,
26.Abadius.4700

domingo, 1 de janeiro de 2017

Pinta o céu de noite fresca


Pinta o céu de noite fresca,
Deixando que a utopia
Seja pincel,
E o dourado seus salpicos
Que do inalcançável
Alcançam os que vivos
Almejam ser
A tinta de cor por saber
Que pinta o Mundo.

Ayalal,
22.Abadius.4700