sábado, 11 de julho de 2015

Num sussurro há quem nada diga



The Crystal Ball [with the skull], J. W. Waterhouse (1902)
Num sussurro há quem nada diga,
Há quem sussurre fadiga,
Do mais inato da palavra.
Há quem rumine a’marga vida,
Que nesse resmungo há quem diga
Que é tão só mentira,
O que há a falar.

E ele paira, persegue a’udição. Sussurro,
O que há em ti de impuro,
E quanto de ti é verdade?
Conheces a palavra embuste, escuro
Intento que é objecto e conjuro,
Porém segredo não dito
Que há a contar.

Quiçá confissão, ou então declamar
De um verso sentido do enamorar
Tímido e confuso.
Quiçá sussurro não dito, que há sussurrar
Que é baixo, tão baixo no seu falar,
Que a palavra se extingue,
No que há a pensar.

domingo, 5 de julho de 2015

Há dias em que a chuva fria...



Há dias em que a chuva fria
É leda no seu cair,
Melodia de água e sabor
De verde campo por florir.
O perfume é tal odor,
Que é real e imaginação,
Fresco o toque que escorre,
Lágrimas, inúmeras, em união
No ser inato de rio e mar,
Nascente que é ciclo e aluvião,
Com fim e início no céu explorado
E no que há por explorar.