quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Alumiar da Noite

O alumiar que raia na noite
É de olhares e esgares pintado.
O perfume que emana enfeitiça
E o sonho que é engana a Justiça,
A Sorte dada, e o Deus por cair.
Quão imenso se adensa no nevoeiro…
Perdida, a alma toma-o por trilho,
Luz essa que cega, Luz do encobrir.
Porém a dor que transmite consome
O conto que o chama Alumiar.
Que alumiação é agora a Fome
E a doce Mentira do cantar.

(Capítulo XIII do Prín)

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Acróstico

Amas o céu
Nacarado de vida e luz,
Acha ardente que se derrama.

Filha do firmamento,
Ilustra o sonho de um dia longo
Levando a lua em teus braços,
Irmã do que um dia foi
Portal fechado do mundo ancião,
A árvore caída que deu semente.

Governas assim o mundo e é tua
União a que um dia em latência pereceu.
Estepes frias, as do tiritar,
Respondem amanhã ao sol lunar,
Respondem que a senhora da lua
Alumia e floresce a noite.

Sim, sabes o segredo apagado.
Interna a voz que se esconde
Leva em si contido o canto do viver.
Valsas são bailadas ao escurecer,
A brisa é calma e o coração adormece.

Grandíloquo então é o grito
Orlado de luz fria que pinta em retrato
Manchas da prata e d’ouro celta.
Estranha o que baila ao som do antes
Som do agora, alma pura.

Donde o vento grita
A semente aprende a brotar.

Perdes então a lua em teus braços,
Infinita nos céus ascende a Deusa.
Embora a distância que aparta corações,
Doravante o âmbar branco que se incendeia
Abraça o profundo.
Doravante será noite iluminada
E poderás ver o mundo.

Para Joli, de quem muito gosto, e que está algures num país para além do meu mapa de Portugal
(daaah!)
Já há uns bons tempos que não escrevo poesia (e não ficou nada de especial, diga-se...)