quarta-feira, 20 de julho de 2016

Hoje sonhei que não era eu


Hoje sonhei que não era eu,
Mas uma sombra incorpórea,
De passos dúbios e gestos
Amplos de tão vagos.

Projectado na parede, era mancha,
Qual líquen que da pedra corrói a pele,
E no chão sustinha o peso dos pés
Que, incontáveis, pisavam sem ver.

Deslizava, inseguro, estirando
A consciência sob a luz,
Para ser ínfimo e esconder-me
Onde era visível a qualquer um.

E buscava por ela,
Ela que continha a resposta,
Escondida nos meandros negros
De si – escuridão.

Porém, quando a vi, fugi.
Tomá-la seria desaparecer de mim.
E, enquanto a luz for o redor,
Serei existência.

Ayalal,
24.Erastus.4699

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