quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Oiço vozes de ninguém


Oiço vozes de ninguém,
Ao apagar a luz
Do olhar.
Oiço-as chamar,
Gritam,
E só de mim responde
O intangível
Escutar.

Bebo o eco da sua dor.
Consumo
Cada detalhe que se contorce,
Cada vestígio, cada suplício,
Cada suspiro sem ar,
E torno-os no rio
Que só na lágrima poderá
Desaguar.

*

I hear voices from no-one,
When I erase the light
From sight.
I hear them call,
They scream,
And only I answer
With intangible 
Listening.

I drink the echo of their pain.
I consume
Every detail that writhes,
Every vestige, every torment,
Every breathless sigh,
And turn them into the river
That only tears
Can drain.

Ayalal,
17, Sarenith, 4711

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