sábado, 24 de maio de 2008

Conto Entristecido


Conto tristezas, essas da vida,
Que abolem auroras de alentos
E talham da sarada chaga
A sangrenta aberta ferida.

Conto, mas incontáveis,
Tremem corruptas nas mãos,
Sensíveis ao vil palpitar.
Das loucas mentes dos sãos.

Oh! Mundo este cruel,
Que morre vendo morrer!
É de humanos, estes sublimes
Que bebem quente o seu fel.

Que prazer é o deles,
E porque não o sinto eu?
Sinto álgida a raiva
Que afrontou Prometeu.

Chamo a esperança destemida!
Onde estás donzela minha?
Célere se aproxima o Condenado
E eu clamo pela vida!

Vem de Nascente com o Pai.
Vem, porque te imploro,
Traz Deuses e Titãs,
Traz a sanidade que recordo!

Relembra dor e guerra,
A dor e guerra que conto
Não do passado perdido
Mas do presente que se perde!

A honra nada é mais,
O que sobra da paz adoece.
A glória é agora vergonha,
Esta minha que padece.

Devo, mas não quero contar
Conto este pesaroso,
Que embala sem adormecer
E faz chorar o virtuoso.
"Pois nos confins não há virtude que salve
O desdito Fado vosso..."
*

4 comentários:

Francisco Norega disse...

Sublime.

Kath disse...

"Sublime."

Agreed.

Anónimo disse...

de fado e virtuoso era de onde veio o teu poema.

Carla Ribeiro disse...

Olá...
Aproveitei o teu comentário para, mais uma vez, visitar o teu blog (aproveito para te dizer que gosto muito do que escreves). Respondendo à tua pergunta: O Deus Maldito é a conclusão da saga que começou com Alma de Fogo e continuou em Herdeiros de Arasen. (São, contudo, histórias independentes).

Obrigada pelo interesse...
Abraço...
Carla