sábado, 9 de janeiro de 2010

Crepúsculo


Ten of Swords, by Puimun

Repousei, de respiração vagarosa
Caminhando semi-passos de prosa,
Enquanto os versos corriam de mãos dadas
Sem esperar a pausa do descanso,
Inspirando o folgo inexistente.

Escaparam-se do olhar.
Perderam-se no horizonte obscurecido
Do decair diurno, enquanto a estrela mãe
Murmurava a sua despedida.
Partiram com ela.

E então, o crepúsculo cobriu-me.
Tão ledo e sussurrado, uma fracção de tempo
Tomada à noite que se erguia.
E ergui-me eu, no súbito do obscurecer,
Pois a ele não o queria.

Senti o afagar daquele redor que no adormecer
Sonhava por acordar noutra vida, e sorri.
Quão belo era aquele passar que não se coibia
Da maravilha de o ser no seu escasso tempo,
Aquele tempo que seria meu.

E abarquei-o com um abraço.
Apertei-o de encontro ao peito que gelava,
E absorvi-o, aquele que não era noite nem dia.
Aquele que não era calor nem frio,
À brisa amena.

E sim, seria eternamente meu.
O meio-termo que dita o fim e o início,
Na sua intrínseca fusão.
Um dos corações do mundo,
Preso ao meu coração.

Encerro o olhar para adormecer com ele,
Mas eis que oiço um canto
Em línguas passadas e idiomas por gerar,
No berço do correr do tempo
Do qual nascera.

Um canto histérico e murmurado,
Um cantar de eterna e dolorida alegria
Que se martirizava em prantos
Da sua perpétua e leda agonia.
Que eles tinham regressado!

Aqueles fugidios calcorreantes do mundo,
Almas doces e amargas de antagónico pensar,
Retornaram à pátria deste mundo e curvaram-se,
As mãos estendidas ao crepúsculo,
Convidando-o a dançar.

Que agora o meu bem-amado seria deles,
Enquanto eles seriam meus. Ambos meus.
Os Versos e o Crepúsculo. Talvez Versos Crepusculares.
Abrigados dos que se diziam reis,
Mas que, no entanto, não o eram.

E, numa noite remota de um tempo futuro,
Partiria à conquista do Amanhecer.
Que o Dia e a Noite seriam meus, sem o serem,
E os versos cantariam tão mais alto!
Para que deles os deuses não se pudessem esquecer.

8 comentários:

Patrícia disse...

Ui, que é grande! xD

Mas, sim senhora, é bonzinho! Bom! Giro! ^^

Leto of the Crows - Carina Portugal disse...

De facto, é grande xD

É por todo o tempo que estive sem fazer nada...

Kath disse...

Um bom intervalo daquelas malditas palavras. :D

Leto of the Crows - Carina Portugal disse...

Mata-as! =D

Luís Mendes disse...

gostei*

Leto of the Crows - Carina Portugal disse...

Obrigada ^^

Unknown disse...

Leto... ** Está LINDO!

Admiro bastante as pessoas que escrevem poemas, a sério que sim! :D Continua!

Vou esperar, ansiosamente, por mais!

Leto of the Crows - Carina Portugal disse...

Muito obrigada, Bonnie ^^

E sê bem vinda a este antro! xD

Beijinhos!