sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Chora, Nuvem de Tempo


Chora, Nuvem de Tempo.
Há tinta nas lágrimas que são
Corpo e espírito e pensar,
Unguento de criação,
Na tela de pintar.

Vertidas no corpo vazio,
São negro decomposto,
Tons mil de Horizonte vasto,
São o suposto
E o supor nefasto.

Pintam sem pincel ou guia,
Incertas são certeza
Que é somente instinto,
Alento, senão tristeza,
Sentimentos. Sinto…

Sensações, que fui pintada,
Em aguarelas de chorar,
Corro pelo Horizonte,
Corro para a alcançar
E tocar a Fonte.

De existência padece o mundo,
Maleita onde a cor pintada
Se esvai, e o sentimento
Retorna pela estrada
À Nuvem de Tempo.

Persigo a lágrima, desespero!
E corro… corro pela tela,
Atrás de mim ele é tanto,
Vazio espreitando à janela
Que me consome o pranto!

Antes da derradeira perda,
Tomo-a de súbito num abraço.
Será minha lágrima contida,
Semente e rebento no vazio baço
De que se pinta a vida.

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