quarta-feira, 3 de novembro de 2021

É utopia a distopia


É utopia a distopia
Daquele que sonhou
E na fé findou.

Rezam agora
À quimera de alguém
Que é ninguém.

*

It is utopia the dystopia
Of the one who dreamed
And in hope deceased.

Now they pray
To the chimera of someone
Who is no one.

terça-feira, 3 de agosto de 2021

Inexistência de não Sentir


Sinto, não sinto,
Ou finjo
Não existir,
E a mim minto,
Na inexistência
De não sentir.

*

I feel, I don't feel,
Or pretend
I don't exist,
And I lie to myself
In the inexistence
Of feeling nothing.

Ayalal Duruvan

segunda-feira, 19 de julho de 2021

Ora às horas

Ora às horas
E ao tempo que há a passar,
Para que não passe,
Pare,
Para que não s'apresse,
Tarde,
Sem tarde ser.
Pare ele de correr,
E seja somente as horas
Que com a vida
Te demoras.

domingo, 28 de março de 2021

O amor é mito que alguns buscam


O amor é mito que alguns buscam,
Sem encontrar,
E outros ousam não acreditar.

Fechada a cortina do mundo,
O horizonte de amar
Espraia-se longo em seu aguardar

Pelo passo tímido ou de temor,
Pelo de curioso caminhar,

Pelo passo furtivo ou de fervor,
E pelo d’intrépido sonhar,

E aguarda por quem não o busca,
Buscando surpreender
Com cada passo de seu entender

Imprevisto, infindo, incerto
Do que é ter,
Contudo tão livre de ser.

*

Love is a myth that some seek
Without finding,
And others dare not to believe.

After the world’s curtain falls,
The horizon of loving
Stretches long in its waiting

For the shy or fearful step,
For the curious walk,

For the furtive or fervent touch,
And the intrepid dreaming,

And it waits for those who do not seek it,
Seeking to surprise
With each step of its unforeseen, endless,

Uncertain understanding
Of what it is to have
And yet be so free.

Ayalal Duruvan

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Pedem-me bravura


Pedem-me bravura,
Enquanto me dão
Um barco no mar aberto
Da solidão.

*

They ask me for bravery
While giving me
A boat in the open sea
Of loneliness.

Ayalal Duruvan

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

A fome de ser do mundo


A fome de ser do mundo
Dita devaneios à mente que deseja
Um possível que, tão distante,
Se perde para ser inveja
No almejo inconstante.

*

The hunger of belonging to the world
Dictates daydreams to the mind
Which desires a possibility
That, so distant, loses itself
To be envy in the fickle wish.

Ayalal Duruvan

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Pouso meu mundo em tuas mãos


Pouso meu mundo em tuas mãos
Ternas, eternas,
Conquanto efémeras,
E vivo acordado um sonho
Que do singelo e belo entrança
Nuances de teu sorriso, botão de flor,
Pétala a pétala, romance e cor
Viva que tinge a lembrança
De meu amor.

*

I rest my world in your tender, eternal,
Although ephemeral, hands,
And, awaken, I live a dream
That from the simple and beautiful weaves
Nuances of your smile, flower bud,
Petal to petal, romance and bright colour
That dyes the reminiscence
Of my love.

Ayalal Duruvan

segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Tão certa quanto a mentira


Tão certa quanto a mentira,
Minha palavra hesita.
É indecisão deixá-la partir,
E certeza que seu tardar
Corrói o que de mim
Se deixou ficar.

*

As certain as the lie,
My word hesitates.
It is indecision to let it go,
And certainty that its delay
Corrodes the part of me
That remained behind.

Ayalal Duruvan

domingo, 3 de janeiro de 2021

Quando a Morte a mão estender


Quando a Morte a mão estender,
Atenta e escuta a Vida:
Ela é sussurro e ária na brisa
Que dança desde o nascer.

É de todos e de ninguém,
E conta uma história invulgar.
Quiçá esteja a tua por terminar
Nos lábios que não tem.

*

When Death reaches out,
Watch and listen to Life:
It is whisper and aria in the breeze
That dances since birth.

It is everyone's and nobody's,
And it tells an unusual story.
Maybe yours is still to be finished
On the lips it doesn't have.

Ayalal Duruvan

sábado, 2 de janeiro de 2021

Somos escravos do parecer


Somos escravos do parecer
Que precede a razão,
Reunindo em nós as que são
Falácias do crer
E verdades em vão.

Ayalal Duruvan