terça-feira, 30 de agosto de 2011
Espelho Mágico
Aqui me tens de Pedra Filosofal na mão.
Diz-me então o que ganho eu,
Ao entregar à imortalidade o coração.
"Ganhas o que de precioso há mais:
A Vida que se prolonga para o infinito.
Viverás até aos anos se tornarem demais,
Até que o passar dos dias se torne maldito."
Espelho, tais palavras assustam.
Essa vantagem é tremenda e desmedida.
E já que os meus ouvidos te escutam,
Conta-me então a desvantagem dessa vida.
"Seres eterna enquanto os outros são vento
Que vai e não volta jamais.
É assim a perda da vontade e do alento,
E de tudo o que neste dia amais."
Não me agrada então viver
Para além daqueles que me são queridos.
Espelho, sê dócil quando te vier ver
E reflectires as rugas felizes de ter amigos.
terça-feira, 9 de agosto de 2011
A Princesa de Chinelos
(Algo parvo para variar...)
Nobres cavaleiras e mui belos donzelos,
Eis-me aqui, perante vós, calçada de chinelos.
Que desonra para mim, admitir tais factos,
Mas a feiosa da bruxa roubou-me os sapatos!
A maldita, com a sua verruga no nariz,
Quis tirar-me o direito legítimo de imperatriz!
Imaginem só como ficou meu pobre coração,
Quando dei conta do roubo, entre a desarrumação.
Mas a coroa de flores oferecida pelas fadas,
Em troca de cogumelos e muitas empadas,
Prova a ascendência real das minhas veias,
E de tudo o mais, incluindo também as meias.
Mas que dor atroz... Meias sem sapatos...
Quase que preferia beijar mil e um sapos!
Mas irei falar com minha mãe, a suserana,
E a velhaca da bruxa sofrerá a dor desumana.
Pois quem no trono se está a sentar,
Tem gosto por sangue e cabeças a rolar.
Apresento-vos a Rainha de Copas, mãe minha!
Tende cuidado, que ela é mãe galinha.
E como bem vedes sou então princesa,
Do País das Maravilhas, com certeza!
Nobres cavaleiras e mui belos donzelos,
Não vos atreveis a fazer troça dos meus chinelos…
(Para um passatempo)
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
Uma Esfera do Caos
Seguro nas mãos o mundo.
Descrevo-o como esfera imperfeita,
E cada contorno desnudo,
É um sonho que me deleita.
Quantos não são, então,
Os sonhos que habitam em si?
Infinitos, por coração
Que vive escondido de mim.
Encobrem-se nos sussurros mudos
Dos bosques feitos de pedra
E nas alturas dos muros turvos.
Pensam voar e não voam, não.
Caiem e deslizam pela superfície
Das rugas e contornos do que são
E rasgam a mente, definham
A Utopia em sonhos maus...
Que estas mãos agora sustinham
Somente uma esfera do caos.
segunda-feira, 1 de agosto de 2011
No Ninho Escutam o Vento
Quando no ninho escutam o vento.
Sonham com o voo do libertar
E a inspiração que por dentro
É chama e ardor quente,
O aconchego e um sussurro,
Que se esconde no Presente
E se reflecte no Futuro.
Pois um dia saberão voar.
Será o sonho fundado
No querer ser e no indagar
Daquilo que foi Passado.
E escutarás o suspiro d'alento
Da penugem daquele ninho.
Que foi um etéreo momento
Do seu íngreme caminho.