Hoje, embala-me em ti,
Gota de espírito de Verão.
Toma-me que sou Outono,
Melancolia e brisa extinta,
De folhas dispersas no chão.
Larva de sentimento que escava,
O que era contorce-se no coração,
Aprofunda e busca por nada,
Que nada é o que ficou,
Só aquele sentir, que é tão vão.
Abraça, canta e bane-a.
A dor que repica e ecoa é no mar
Escuma de lágrima e areia
Que em tempestade serena aguarda
Tua doce maré e teu embalar.
Sê berço do Presente, aconchego,
Meu, só meu, vasto mar.
Que nos teus braços adormeço,
Mergulho em ti e és sonho
De não mais acordar.
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