sexta-feira, 18 de abril de 2008

Anónimo


Passos soam sem os ouvires,
Ecoam num espaço infinito,
Penetrando no fundo da mente,
Mais fundo do que imaginas,
Por entre os lapsos da razão.

Algures banido, ser anónimo,
Coração disperso, fadiga e fome de nada,
No seu olhar espelha-se a dúvida,
A incerteza de que tudo se reflecte
Num incompleto discurso poético.

Vê-se-lhe a sombra, sente-se a forma,
Mas a alma é algo distante,
Perpétua e bela essa falha,
Que devaneios etéreos trespassam
Deixando-a sucumbida na lassidão.

Enigma letal em dose excessiva,
Nessas palavras que hipnotizam a morte,
Um relampejo enganador que lateja
Num véu predestinado
De algo impreciso, desbotado.

Mesquinha cobardia a tua,
Nesse esgar que nada exprime,
Doente, perversa, cruel ansiedade,
Reticente e curioso encanto,
Que fazes lançar em mim.

Pois esse claustro em que te encerras,
É uma máscara que fere,
Fere o mundo, fere-te a ti
Num eterno anonimato que te deixa
Desfeito num corpo por desfazer.

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