terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

A Voz


Vês no olhar uma sombra de choro,
Pintada a lápis e carvão.
Um esborratado indistinto de tristeza,
E um colorido de incerteza eremita
Que espreita da sua gruta esquecida.

Queres apagá-lo ou riscá-lo.
Não risques, que o riscar é eterno!
É prender no olhar um passado dorido
De viver o sentido do passar.
Quiçá, se o quiseres, melhor será apagar.

“Porém apagar é esquecer o viver”,
Diz-me, em voz cantada, o Ser, sem pensar,
“Esquecermo-nos do que marcou e cresceu,
Do que a nós prometeu um sonho profundo.”
E eu assenti, que mais alto falava a voz do Mundo.

“É perder o que o Fado escreveu
Com tinta permanente em pergaminho velho.
E dizer-me adeus, não o digam.
Não risquem, nem apaguem, mas pintem o olhar
Com o colorido por expressar.”

4 comentários:

Kath disse...

Oh, que fofo. Gosto da forma como conjugas a voz com o olhar.

Conversa Inútil de Roderick disse...

Não o risques, não o apagues, não o pintes. Guarda-o... simplesmente

Leto of the Crows - Carina Portugal disse...

Guardá-lo-ei, com toda a certeza ^^

Obrigada a ambos!

Beijinhos!

Blood Tears disse...

"Pintem o olhar com o colorido do expressar"

Mas que final tão sublime neste jogo de palavras... :)

Blood Kisses