terça-feira, 29 de setembro de 2009
Corpo e Alma
Body and Soul, by -Sylph-
De quanta da alma rubra
Sabe o Ser nos dizer,
Se expectante se destila nula,
Vazio imberbe do saber?
Pois não sabe a conta
De em quantos fragmentos pintou
O limite do ser, a afronta
Do não saber, que se quedou,
A marca corpórea do espírito,
O ponto aberto à alma.
Cerrou-se ao corpo o desdito
Invólucro interior que o embala.
Então, acordou o dormente,
Orbes vítreos de não ver,
Pintados em cor de demente,
Rubra a mancha do ser.
Que era em sangue o traje vestido
E o trilho suave demarcado.
Este morto, aparente no vivo
Carnal, do corpo pecado.
E estirada a vida sem Ser,
De espírito morto liberto,
Ledo sabe o sossego de ver
Esse limbo de mundo incerto.
Aquele onde, por fim, floresceu,
De pétalas assim marchetadas
Em miríades de espírito meu,
As sapientes almas danadas.
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
Almas do Engano
Lightning Spirits, by hibbary
Se andas a coberto do que pensas ver,
Desengana o resto que te diz que sim,
Que o dizer da mentira não se diz,
Só se concorda pela alma fraca,
Enredo obtuso de falhas caídas,
Com que recorto, rindo,
O clamor perdido
Das ditas almas.
As minhas almas.
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Predador
Não existe brava resposta
Ao que de invisível se chama
Morte e causa de morrer.
Não existe, quando caças
Disfarçado de cantiga e rosa.
De poema e alento, tão disfarçado,
Passo ante passo.
Que contas, perecidos aqueles d’outrora,
Fogosas mentes e almas sãs.
Contas e cantas pelas vielas,
Faces tão disformes de belas,
Que todas elas és.
(Poema pertencente ao VI capítulo do Prín.)
Ao que de invisível se chama
Morte e causa de morrer.
Não existe, quando caças
Disfarçado de cantiga e rosa.
De poema e alento, tão disfarçado,
Passo ante passo.
Que contas, perecidos aqueles d’outrora,
Fogosas mentes e almas sãs.
Contas e cantas pelas vielas,
Faces tão disformes de belas,
Que todas elas és.
(Poema pertencente ao VI capítulo do Prín.)
sábado, 5 de setembro de 2009
Loucura
Unfurling 2, by Puimun
O silêncio clama teu nome
Sob a brisa da alva.
Um grito mudo de moribundo
Que ecoa lasso. Oh! Tão fraco,
À tua esguia alma.
Ignora-lo. Nada te é
O murmúrio que abranda
O nome do desvario.
Que te sabes ponto mais alto,
O da loucura infanta,
Sabes-te do mundo deusa,
Bela de santa vitória.
Aquela que mata quem não sabe,
Aquela que matou por saber,
O sabor férreo da glória.
Pois, da gente insana,
Sois dama, rainha e suserana.
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
A Muralha
Nos altos vagos da maresia,
Cantastes teu canto.
Mar a dentro, mar de pranto,
Lágrimas escorridas ao largo,
Bater constante de fulgor pardo,
Em rochedos de consciência fria.
É essa Muralha que se ergue além,
Infinita de fim.
Essa Muralha que te prende a mim,
Laços constritos de lendas,
Fogos-fátuos em que atentas,
Vazio o teu canto de ninguém.
Que não tombam as torres,
Não afogas ameias.
Não afrontas mitos nem teias
De sonhos, estrelas caídas da lembrança.
Não destronas, não amansas,
Dita a dinastia dos defensores.
Que o canto teu não alcança
Escutares dos céus.
No alto da Muralha são os meus
Falares que ditam, Sereia.
Que o teu canto só enleia
Os abandonos da esperança.
No entanto, nada és sem mim,
Ó doce donzela.
Nada és sem a chama da vela
Que encandeia os cegos defuntos
E os atira da muralha para teus profundos
Cantos insanos sem confim.
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