domingo, 16 de novembro de 2008

Insanidade


As asas bateram plenas
E, num resquício de dor,
Desfaleceram puras plumas,
Nobres aquelas que apenas
Floriram de murcha flor.

Nomeio eu isso de doença,
Peçonha consumista de essência
Que rouba almas de loucura;
Germe de culta presença
Crescente, essa, a tua demência,
Diga-se etérea e de vil cura.

E veneno é, de beleza doce
Dada, da vida para a morte.
Vê-la escrever a sangue
Sentença tua precoce
Teia e aranha do Fado e da Sorte.

Murcharam assim plumas,
Voaram, por fim, pétalas,
Além deuses suseranos.
Destino incerto é rumo que rumas
Nesse voo que desertas...
Oh! Feliz insano!

1 comentário:

Gotik Raal disse...

Leto of the Crows,

Esta "Insanidade" está dentro do estilo que me chamou a atenção da primeira vez, aqui nos teus cadernos. Palavras de rédea solta, mas vivas, a formarem sentidos novos, à revelia...

Abraço,
Gotik Raal