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Vagarosamente, cerraste as pálpebras que pesavam os anos do mundo, deixando de fitar aquele que te olhava desinteressado, como se nada fosses para além do passar da brisa tardia à sua janela envidraçada. Entreabriste os lábios e chamaste pelo seu nome, irreconhecível à voz da razão, amante da solidão e perdido também ele nos confins imersos dos seus domínios. Mas ele ignorou-te. Repetiste, mais alto que o tom dos deuses, mais forte que o ribombar das ondas tormentosas que se envolvem em danças ditas terríveis no seu amor. Ele voltou-te as costas e tu choraste. Porém, ninguém mais o fez. Seria aquilo a impiedade que te reservara o derradeiro cabo que tentaras ultrapassar?
Oh, não acredito. Tenta ir mais longe. Mergulha nele e alcança-o, invoca doce a esperança dos mitos, a candura dos céus que te perscrutam. Leva contigo o poder do Astro Rei, e a bondade da terna Rainha. Clama novamente nome o seu e clama o teu, une a vontade com o querer, confia e acredita e alcançá-lo-ás no fim do tudo, na fronteira do inconstante com o intemporal. E aí, olhar-te-á ele, reconhecendo a macia tez da brancura imaculada, as plumas rubras da bravura passada e mar profundo de negro, algures inexplorado, algures por encontrar, no azul do teu olhar.
E estendes-lhe a mão de coração aberto, agora reconhecido o encoberto do espírito teu.
3 comentários:
BOM 2009!
Beijinhos.
"... reconhecendo a macia tez da brancura imaculada, as plumas rubras da bravura passada e mar profundo de negro..." Achei simplesmente lindo!
Bom ano!
Bjs.
Quando é que a menina me envia um e-mail para o endereço d'O Bar do Ossian?... para que lhe possa abrir os portões do castelo e juntar-se à tribo lusitana.
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