quinta-feira, 28 de maio de 2009

Há quem... (acabado)

Há quem queira por querer,
Há quem queira por nada.
E há quem queira o não querer
(Escolha minha),
Por ser escolha danada.
Que o dito por assim ser
O meu querer, aquele
Tisnado a ferro e fogo.
Que há quem queira por não ter
O isco doce do engodo.

(Ora, aqui está o tal dito acabado.
Dei-lhe uma continuação que parece bem melhor que a primeira...)

terça-feira, 26 de maio de 2009

Há quem...

Há quem queira por querer,
Há quem queira por nada.
E há quem queira o não querer
(Escolha minha),
Por ser escolha danada.

(Era um poema maior... mas cortei as restantes estrofes)

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Coração das Entrelinhas


Digo falso fim,
O que aqui acabei.
Escrevi longas linhas,
E por entre elas ponteei
Veias que palpitavam
Indiscerníveis, num pulular
De emoção. Que não se via
O quão forte era o bater
Críptico do coração
Das entrelinhas.

Simplesmente, sentia-se.

Dedicado à sô dona Joli, que os textos desta senhora
põem-me sempre meia lamechas
(só meia, que os seres vis não são lamechas)

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Nada (II)


Da escala que se imiscui no passar do tempo, sobrou um ponto vazio, um ponto sem nada. Encontrava-me entre os outros, perdido, tão deslocado do meu tempo que até de mim estranhava, pois aquele não era o tempo do vazio, não era o tempo do nada, nem o tempo de coisa nenhuma. Era o tempo do Tudo, onde não pertencia, que o meu tempo era outro, um tempo ancestral e um tempo final, antes do nascer e depois do morrer.

Então, quem me colocara ali no meio, por engano? Eu, o centro do Tudo, eu, que era nada e coisa nenhuma. Fora engano, sem dúvida, que ninguém muda o tempo, nem mesmo o mais poderoso deus é capaz de inverter o curso desse tão todo-poderoso rio. Que as correntes correm irrevogáveis e sempre do principio para o fim, de mim, para mim, mas não por mim. Eu presencio, mas não estou presente, eu crio, mas não pertenço à Criação, que ninguém me criou, sempre existi, eu, o nada do principio e do fim, devorador de mundos e criador de universos. O omnipotente que não pertence aqui.

Então, quem se atreveu a baralhar o que é ditado, quem me pôs entre o manipulado que escrevo e pinto? Um ponto de vazio entre a Criação, um ponto de consciência nula, a branco, na tela negra e rubra do mundo. Um ponto que dilatou o tempo e o rasurou numa quebra indistinta de relativa.

O Nada implantou-se no Tudo, de braços estendidos.

"Que do Nada nasce o Tudo,
No caminho negro que descuro,
E se consome voraz até ao fim,
Canibal de si.
Até o nada ressurgir, puro,
No confim oculto do futuro
(Que reservei para mim)."

domingo, 17 de maio de 2009

Sim e Não


Digo-lhe que não
E ele diz que sim.
Que não o quero ouvir.
Repete o que quer
E não o quero eu,
Que quanta da vida
Se destila calçada
Abaixo pela avenida
Oculta no sombrio
Do florescer a decair.
E ele persegue-a,
Repetitivo no seu sim
Afirmar que rasgo
Rompo e corrompo
No simples não
De negação,
Não de não ouvir.
Não. Sim. Não,
Arre cabrão,
Que insistes em “não”,
Mas um não de não me ouvir.
Que dito a vontade
Virgem do querer,
A alma que almeja
Escolha livre
E vida do escolher.
E digo-lhe que não,
E ele diz que sim.
Dou-lhe um tiro e ora,
Que morra com o seu sim,
Que morrerei com o não,
O da minha e não sua
Irrazoável razão.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Mãos do Passado


Caminhas por entre mãos,
Que se estendem ao alcance do toque.
Contudo, em ti não tocam, onde estão?
Caminhas e não as alcanças.
Oh! Para onde vão?
Que deslizam, subtis sonhos de desentender
E não verdade, mãos assim,
Que acenam vagas, para ti,
Da janela pela qual espreitam,
Essas mãos abertas d’estendidas,
E mãos tuas que se fecham,
Dessas mãos, algures esquecidas.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Suspiro



Embalo-me com um suspiro fraco,
Que se fica no caminho percorrido.
Tão cansado, que se rasga no asfalto,
Tão só, que rasteja sem s’erguer,
Tão triste, que o pranto cantado
É sua música e hino de morrer.

E não adormeço que não deixa,
Ele que decai donde os deuses partiram.
Cravou as garras, esse suspiro,
No peito que o quer matar.
Crava e rasga, que egoísta…
Que é contínua a fome de rasgar.

Mas se pende preso a mim,
Permito que penda, balance e oscile,
Que eu balanço e oscilo até cair.
E, nessa altura, suspiro que pende, caído
Cairá do peito, também comigo.
E, então, não mais o irei sentir.

domingo, 10 de maio de 2009

J'adore tien Blog


Well, não é muito normal fazer este género de post, mas por respeito à amiga, a senhora Joli, que me concedeu o selo, aqui fica ^^

E agora procederei aos pormenores:

1. Colocá-lo no meu blog;
2. Indicar 10 blogues que adore;

Insanidade Maquiavélica
Canções de um Fim de Tarde
Os Filhos de Raven
Gotikraal
Noites de Tempestada
Wild (Posso dar o selo a quem mo enviou, não posso? xD)
Allegro Allegorico
O Salmo dos Salmões
e não me apetece pôr mais.

3. Informar aos blogues indicados que receberam o selo;

4. Dizer 5 coisas que adore na vida e porquê.

1- os meus amigos, que são a melhor coisa do mundo
2 - os meus escritos, por pior que fale deles, porque são os meus filhotes (egocêntrica esta pessoa...)
3 - os meus livros, porque são os meus filhotes adoptivos
4 - a natureza, porque é a minha mãe
5 - e os Elfos, porque são os meus ídolos.

sábado, 9 de maio de 2009

Castigo dos Deuses


Ajoelhou-se perante o altar que o rodeava qual cerco. Fitou-os um a um, discípulos com duas asas e orelhas pontiagudas, nariz recto e aquilino e olhar vítreo sem julgamento, tão morto quanto a pedra lisa que sentia sob e sobre si, lá no cimo, pintada a mil e uma cores de frescos jovens de antigos. Querubins contemplavam-no do seu pedestal, crianças doces de caracóis aloirados, uns sorridentes e divertidos, outros maldizentes e sisudos. E os grandes desnudos, de dedo apontado a si que ali se prostrava caído em mágoa, acusavam-no. Esses sim, falavam sem palavras e refulgiam poder, tão imensos que a qualquer um dava vontade de fugir ou se esconder. Porém, ele ali estava, de cabeça erguida, interrogante, expectante, que a eles queria ouvir rugir. Ditar punição, que o merecia, para por fim se erguer e viver por aquilo que fora castigo e dizer ao mundo que a razão dos deuses era o seu expurgo injusto. Que o único pecado por que fora punido, fora nesse dia ter nascido.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Desenhos que não quero Desenhar

Apago-os de uma só passagem,
Coisas mesquinhas que vejo
Desenhadas e sim, máculas
Do papel onde quero desenhar.

Apago-os e sopro-os,
Que se vão.
Que se dizem consciências
E não o são.

Desenho mais e surgem os mesmos.
Novas manchas absurdas
Que caminham em mim
Mesmo, caminho de enjoar.

Risco-os e amarfanho-os,
Que se vão.
Que se dizem humanos
E não o são.

Atiro-os para o caixote.
Como ressaltam, não o sei.
Porém voltam, vindos a mim,
Sempre, que me irritam.

Levanto-me e saio,
Que me vou.
Que me digo pintor
E não o sou.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Defunto El-Rei

Nasci num dia cor de escuro,
Pintado a rebordos dourados,
De um rei defunto.
Nasci e vi nascer o dia
Tão longo de profundo.

E mal o vi chorei
Pelo mundo antevisto,
Que era defunto o rei.
Chorei de dor viva
E no choro a vida findei.

Que mal nasci, morri,
Nesse pranto que me amamentou
De recordações que não vivi.
Eram belas, já não são,
Aquelas que vi. E morri,

Por defunto El-Rei.

sábado, 2 de maio de 2009

Escuta a tua Sombra


O que te conta a sombra
Dos confins, vinda de ti?
Segredos teus e murmúrios
Que dedilham teclas marmóreas,
Vozes que só tu podes ouvir.

Então escuta,
Seus mitos, lendas e histórias.

Que na sua voz paira ensinamento
E da matéria invisível a permuta
De um mundo além voz,
De uma terra além vida.
De um universo do tamanho
Da tua imensa medida.

Por isso escuta-a
Que te escutas a ti.