Ajoelhou-se perante o altar que o rodeava qual cerco. Fitou-os um a um, discípulos com duas asas e orelhas pontiagudas, nariz recto e aquilino e olhar vítreo sem julgamento, tão morto quanto a pedra lisa que sentia sob e sobre si, lá no cimo, pintada a mil e uma cores de frescos jovens de antigos. Querubins contemplavam-no do seu pedestal, crianças doces de caracóis aloirados, uns sorridentes e divertidos, outros maldizentes e sisudos. E os grandes desnudos, de dedo apontado a si que ali se prostrava caído em mágoa, acusavam-no. Esses sim, falavam sem palavras e refulgiam poder, tão imensos que a qualquer um dava vontade de fugir ou se esconder. Porém, ele ali estava, de cabeça erguida, interrogante, expectante, que a eles queria ouvir rugir. Ditar punição, que o merecia, para por fim se erguer e viver por aquilo que fora castigo e dizer ao mundo que a razão dos deuses era o seu expurgo injusto. Que o único pecado por que fora punido, fora nesse dia ter nascido.
4 comentários:
A última frase ficou perfeita. ^^
Deve ser a única coisa que se safa xD
Leto,
Safa-se mais do que isso. Todo o sentido, a atmosfera e a forma sempre especial e translúcida da escrita.
Beijinhos,
Gotik
Wow *.*
Concordo com os comments anteriores!
Tens um miminho no meu blog :p
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