terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Paisagem


Distante o teu brilhar ofusca,
Lágrimas minhas que lânguidas
E caídas se desmancham
Nos reversos confins
Que só por ti na beleza
Do observado se encantam.

E mergulho-te de alma
Que me submerges em ti
Num acolher vertente,
Crescente.
Só contigo, tu e eu,
De brisa aclamada
Onde o futuro faleceu.

***

No negrume cinzento que se explora
Nesse futuro falecido,
És memória e retrato.
Sou eu o que nunca viveu
Nos verdes brandos do teu prado.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Cantava a Lua


Belo corria por entre nuvens eclodidas,
Corria o Sol por vagas vazias de imaginação,
Por vales suaves, brancos, frios...
Suavemente brancos de frieza etérea.

Triste, esperava, só, adormecida em encantos,
Esperava a Lua no seu véu de céu distante,
No negro leito de belas jóias estelares,
Esperava a esperança do cavaleiro diurno iluminado.

E assim, cantava palavras desconexas com razão,
Se razão é o amor, se razão é pensar,
Se razão é crer no improvavelmente possível,
Se razão é deixar sonhar a lógica visionária.
Cantava para o seu amante longínquo,
Que corria perto entre pedaços brancos de frieza.
Escondida cantava nos seus véus,
Neles embalada, assim amada.
Cantava só para si... para quem cantaria?
Esperava só, esperava e esperou,
No seu véu cadente de céu distante
Donzela Lua na noite assim escondida.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Eterna Sinfonia


Era cantiga e canção,
Um doce som do coração,
Mais que música celeste,
Suave melodia campestre,
Cantada num terno beijo,
Irracional relampejo
Louco! Mergulhado em alegria
Mais que vida, quem diria…

E agora foi-se… voltará?
O vento longínquo a trará
Nas suas asas (delicadas asas!),
Como singelas, sinfónicas fadas,
Que na noite são brilhos distantes
Que na luz são vagos instantes,
No entardecer, folhas de Outono,
No crepúsculo, sonho ao abandono.

Voltará ela para mim
Em leves passos de querubim.
Virá na santidade do alento,
Virá nessas asas do vento!
Abraçar o que resta do final.
Para sempre sua a doçura angelical.

Voltará dançando, bela sendo,
Voltará criança pequena, correndo,
Voltará eterna sinfonia,
Voltará assim um dia.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Nada

Descompreendo o nada compreendido no destilar dos sonhos, deixando-o verter-se, vagueando por interstícios do vagar que só em mim disponho. Que corra livre, lentamente, que não o quero prender na insipiência do saber que nada conhece no que chama de sabedoria.

Pois o tudo é a ausência que do nada se criou, essências que se dizem do sublime a grandeza que desvalorizam. Mas o que são, então? O vazio que se condensou em mãos de deuses que se integram no incompleto, venerado pelo nada, que somos nós, no incompreensível que descompreendo por não o compreender.

Que se vá então na ida, que não volte na latência do que ainda é. Durma nos sonhos, seja belo por não o ser, pois é o nada do tudo que incompreendido nos dá vida. Seríamos o nada que somos, se este não fosse a essência do tudo, o que então também somos, imerecidos, neste universo de destilado vazio.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Essência do Universo

Como é peculiar termos a sensação de que algo de estranho se sucede sem termos noção disso, que o tempo é inamovível, mas que, contudo, consegue manipular-se e revestir a vida de ignotos acontecimentos. Assim era com aquele cacifo que, inúmeras vezes, passou despercebido a centenas e milhares de seres preocupados com a sua frágil centelha de atenção que tão intencionalmente esqueciam desatentamente de tanto a recordar. Era simples, como qualquer um, encaixado entre outros iguais nos seus invólucros exteriores; era de ferro, já gasto pelo tempo, no entanto resistente a qualquer género de investida violadora da sua privacidade. Além disso, era especial, como tudo o que nos rodeia.
Alexander, de primeiro nome, mas poderia ser outro qualquer, sendo que um nome é só um factor de reconhecimento poucas vezes reconhecido, lia o seu jornal diário, que fora já de outros, pois encontrara-o no longo banco velho onde se sentava todos os dias, esperando pelo comboio da manhã que o levaria ao emprego, um edifício enorme, no centro de uma cidade atarefada consigo mesma. A sua rotina era sempre e todos os dias a mesma: levantava-se, tomava um duche, vestia-se, comia uns cereais vulgares e partia para a estação num passo apressado, sentando-se depois naquele despido banco onde o esperava o tão amável jornal com notícias desinteressantes.
Encostou-se para trás e suspirou. Sentia-se cansado mesmo sem ter feito nada para que tal acontecesse. Pousou o jornal no banco e olhou em volta: sempre as mesmas caras desconhecidas que se passeavam continuamente em intervalos regularmente irregularizados.
Olhou mais para além, para perto da saída da estação, onde ficava o local de venda de bilhetes e dos cacifos. Pela porta envidraçada entravam várias pessoas. Entre elas, uma chamou-lhe a atenção. Estranhamente a primeira coisa que viu foram uns sapatos envernizados com um brilho frio que se projectou até aos confins dos seus olhos. Com a aproximação, uma ondulante capa negra foi-se desvendando, com a gola erguida, ocultando a face do seu proprietário. Um chapéu antigo ocultava-lhe os olhos, fazendo lembrar a Alexander os detectives particulares das suas fantasias de criança.
O enigmático indivíduo aproximou-se de um dos simples cacifos com passos longos e parou num momento hesitante, que causou uma enorme expectativa a Alexander. Quem seria? O que iria fazer?
A sua mão aproximou-se do cadeado do cacifo e abriu-o. Alexander não vira qualquer chave! Teria sido alguma ilusão? Estaria a precisar de uns óculos? Ou simplesmente alguém passara à sua frente no preciso momento em que o indivíduo abrira o cacifo?
O que nesse instante interessava era o facto de que o indivíduo já fizera o que tinha a fazer dentro do pequeno compartimento. Fechara-o e avançava para a saída da estação, sem se dirigir à plataforma de onde partiria o comboio, o que causou ainda mais suspeita em Alexander.
Toda a atenção que depositara no homem desconhecido tivera um único resultado: o comboio acabara de partir e Alexander nem se apercebera. Soltou um palavrão que fez os poucos transeuntes lançarem-lhe um olhar reprovador e olhou para o horário de partida e chegada de comboios. O próximo seria só dali a trinta minutos… bem, pelo menos teria tempo suficiente para examinar melhor "O Cacifo".
Levantou-se do banco e, o mais despercebidamente possível, aproximou-se do suspeito. Passou várias vezes à sua frente, olhando-o de soslaio como se fosse um perigoso criminoso, e, por fim, parou, ficando de frente para a porta, direito como um soldado em sentido. O que estaria lá dentro? Uma bomba? Sim, poderia ser… o homem tinha todo o ar de terrorista… ou então diamantes roubados!
A curiosidade estava a consumi-lo interiormente... tinha que saber o estava lá contido! E tinha exactamente vinte minutos antes do próximo comboio.Tirou o porta-chaves com forma de bota do bolso. Escolheu a chave mais pequena, a da sua própria caixa de correio, e colocou-a na pequena fenda do cadeado. Coube! Tentou rodar levemente, não se moveu um único milímetro; agora com um pouco mais de força… o cadeado não cedeu… Aquilo irritou-o. Tentou com mais força e a frágil chave dobrou! Retirou-a do cadeado, e furioso com o que tinha acontecido, deu um murro no cacifo. Arrependeu-se logo de seguida e encolhendo-se com o barulho provocado. Com sorte ninguém reparara.
O que poderia fazer mais para que o cacifo abrisse? Havia quem usasse ganchos dos cabelos, mas ele não usava ganchos; poderia arrombá-lo, mas possivelmente prende-lo-iam. Olhou o cadeado intensamente, esperando algum milagre, que tivesse algum poder fantástico que o ajudasse a abrir o armário. Ficou parado durante quinze minutos, tentando encontrar no seu interior algo que abrisse o cacifo, a força da sua mente talvez, mas nada. Bem, mais valeria desistir, aquela ideia não passava de uma estupidez mesmo. Imensas pessoas com aquelas características andariam por aí e teriam um cacifo numa estação de comboio. Tinha sido um passatempo interessante tentar abrir um cacifo alheio.
- Ganhaste, pá! – disse Alexander para o pequeno armário. Estaria a ficar maluco?
Voltou-se em direcção à plataforma, estendendo a perna para dar um passo em frente. Com este movimento soou um “clique” que o fez arrepiar-se completamente, fechando as pálpebras com força, como se ele próprio tivesse feito aquele ruído. Rodou a cabeça para trás e examinou o cadeado… estava inescapavelmente aberto! Apressadamente levou a mão ao objecto da sua atenção, mas parou a escassos milímetros dele. Uma vozinha dizia-lhe que não deveria fazer aquilo, não era da sua conta! Contudo, como se teria aberto?Bem, também era só abrir e fechar, nada que causasse alguma hecatombe.
Inspirou e prendeu a respiração, ganhando coragem para abrir a porta de ferro. Abriu uma pequena fresta e espreitou. Não pareceu ver nada de mais, então abriu-o completamente. Os seus olhos dilataram-se de espanto com o que se encontrava dentro do cacifo: um pequeno envelope com algo escrito a tinta dourada, numa letra extremamente floreada. Era um nome, Alexander Robinson, o seu nome!
Pegou no envelope sem pensar e abriu-o, retirando um pequena folha escrita à mão na mesma letra floreada e no mesmo tom de tinta. Era pequeno o texto, mas sincero e tocante:

Que deliciosa admiração é essa? Não sacio essa tua curiosidade tão louvável nestes tempos distantes? Bem, se assim é, digo-te que é uma óptima notícia! E, pelo que vejo, não fui nenhuma decepção; ainda melhor!
Que seja eterna essa tua curiosidade, por que será ela que te levará além na vida e nos sonhos que lhe dão existência. Sê tu, sê alegre e vive! Vive no encanto dos novos mundos por explorar, na magia de um dia que chega finalmente, no nascer do Sol que te alumia! Voa, canta, escreve, deixa-te fluir, pois és a essência do Universo.
Nunca te esqueças desta mensagem, considera-a um conselho de amigo.

Assinado:
Senhor Desconhecido

Alexander ergueu os olhos da carta e sorriu, enquanto começava a ouvir o seu comboio a aproximar-se. Não um sorriso vulgar dos que se dão às pessoas que nos incomodam e que não possuímos coragem para repelir, mas um sorriso da mais pura felicidade, o sorriso de uma criança que acaba de receber a sua prenda favorita.
Voltou a colocar a carta dentro do envelope e olhou para o cacifo frio. Algo lhe dizia que não deveria levar a carta consigo, que deveria deixá-la ali, talvez para alguém a encontrar, ou… para um dia voltar a ver o estranho indivíduo e novamente tentar abrir um cacifo alheio, para satisfazer a sua insensatez, a sua curiosidade.
Resolveu-se. Veneradamente colocou a carta dentro do cacifo, com as letras a dourado voltadas para cima. Fechou-o com todo o cuidado e correu! Correu para não voltar a perder o comboio acabado de chegar. Entrou já as portas começavam a fechar-se lentamente e, depois de um suspiro prolongado de alívio, lançou um último olhar ao cacifo que agora parecia tão distante, mas que, no seu coração, pulsava com o brilho dourado das letras floreadas da carta com a sua mensagem tão simples… Voa, canta, escreve, deixa-te fluir, pois és a essência do Universo.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Hades


Dorme arfando em sonhos,
Em cansaços, contos diurnos,
Pontos pensados, labirintos,
Enovelados em tinta lavrada
Por dentes, subtil enxada
De cultivo acutilante.

Tentáculos de dedos
Finos e fria guarida,
Corcel cego, anão,
Pálpebra negra escorrida,
Decrépita tosse (perdão!),
Mão de palma fendida.

Somente tão só,
Apenas sozinha,
A sua mente sórdida, surda,
Dissecantemente vivida,
Adormece o sonho,
Colhe a sombra sem vida.

Barcaça navegante aportada,
Bonança adventícia perdida.
Três cérebros, seis olhos
Num acordo cerrado;
“Adeus”, dirias cegado
A nove almas sumidas.

Fonte de fogo negro
Banhada em néctar mortal.
Arrepio, horror,
Ordinária, lânguida lembrança,
Que corrói astuta
O deus imortal.

Descora em coro a fraca
Frágil flor já murcha;
Destila a luz luzidia
Em entardeceres entristecidos;
Derrama a dor dançante,
Insana, vil amante.

E tu alma corre, foge, não escapas,
Não tens esperada barca.
Só seis hostis olhos,
Divinos dentes em diamante
De hálito hediondo,
Asqueroso, agoniante.

Nem de Perséfona candura
Esperes ansiosa salvação.
Sendo bondosa, impotente,
Efémera consorte
De prisão apreendida,
Só em lágrimas de desilusão.

Em Infernos perdida,
Divina dádiva roubada
Entre desejos de amor,
A campos alheios tirada,
Mítica, épica dor
De eterna amada.

Não esperes campos Elísios,
Nem puros paraísos,
Ou a beleza de Narcisos.
Só parcas infecundas,
Só sombras soturnas.
Te aguardam na penumbra.

Nada, em nada, por nada,
Cais em dedos imortais
Indiferentes da diferença.
Só entre as demais,
Tombas, não retornam,
As almas surreais.

O que não és, Amor

Não é amor o embalar das árvores
Pelo vento que as acaricia e despe,
Não é amor o ardor do fogo
Que te incendeia e amolece.

Não é amor a ferida inoculada
Por aquela espada que fere e trespassa,
Não é amor as pétalas que brilham frias
No decair da orvalhada.

Não é amor a bela jóia
Preenchida em sem fé recordações,
Não é amor o sentimento
Que se destila em desimoções.

Não é amor a carta a negro
Que tudo diz excepto temor,
Não é amor o ciúme assassino
Causador da impulsiva dor.

Amor, soberba fútil de mar, não és tu,
Nem o beijo que dão deuses ao nascer do mundo,
Não és a cruel ironia que se ergue
De um sagaz coração desnudo.

Nem mesmo és o que dizem não seres,
Pois por entre palavras e posturas
Não perscruto o teu indistinto profundo,
As tuas sortes ou desventuras.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Sorriso de Criança

Como é doce o mel, o mel do teu sorriso! Sinto-o banhar-me a pele quando o oiço, satisfazendo-me os sentidos na sua espessa ventura que adoro provar, todos os dias tão diferente e todos os dias tão igual, pois é de criança, onde ainda não cresceu o mal.
Como é intenso e melodioso, tão sagrado quanto os deuses dos demais crentes, um excesso em açúcar, venerado por um espírito sedento de alento e prazer.
E como se refina com o passar das horas, no seu divertimento carinhoso!
É tão belo, tão doce, aquele sorriso que sabe a mel, um gosto tão terno e saboroso que embalo nos meus braços quando corro livre por entre pétalas de efémeras flores campestres.
Oh! Sabe a doce seiva, néctar divino, aquele doce mel do teu sorriso.

Sonho


Sonho-te e és doce
Num sabor de mel campestre,
Recordo-te e és vida
Que embalo na inconsiência.
Vejo-te e és candura
De demónio que se empluma,
Sinto-te e és alma
Que me roubou a minha.

Que te posso dizer
Se as palavras fogem
Na corrida sofrega do fugir?
Temem o que é belo,
Temo-te que o és
No teu rebelde sentir.

E fico-me assim pelo sonhar,
No recordar do que vejo,
E do que sinto sem querer.
É belo o amar, mas deixo-o só
Para que possa sublime
Ser vida no decair e poder viver
No desencanto do meu olhar.

Agonia

Sinto-o, mas não o quero sentir, o que dói no espelho das lágrimas. Procuro o fim mas não o encontro, na cegueira que só a ti vê, no pranto dos meus olhos. Pois trespassas-me com palavras cruelmente piedosas, destilas-me em agonias e desalentos, desprezas-me com amabilidades e simpatias e recusas-me um olhar que não te ofereço.
Como sou culpada sem culpa destes eternos desesperos que me consomem! Insignificâncias e ilusões, penso eu. No entanto, algo mais. Estilhaço, então, a alma que me repugna, o pertence mais vivo que acalento, por quem mais sofro sem querer.
Morro assim, só, por fim sem ti, e inconsciente dessa dor, desse sentimento que, vil, me prendia livremente no teu olhar que só a mim não vê. Digo-te adeus, e quem és não sei já, mas sinto-o mesmo assim. Eterno sentimento parece, e que feliz desgosto me corrompe sem a permissão do sentir. Quero o nada do vazio, mas tenho mais que isso, sou mais que isso...
Oh! Maldito sejas por o que me levaste a ser.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Simplicidade


No fim era tudo,
Um pouco de infinidade,
De dor e de alegria.

Era simples contudo,
Uma complicada simplicidade
De pôr-do-sol ou nascer do dia.

Era graciosa ninfa florida
Do ribeiro que se amansa
Por cantares campestres,

Mais que doce, querida,
Amada pela santa esperança,
Por quem tanto fizestes.

E agora pensar que sim,
Que consegue ser anjo
Num sorriso disperso;

Que consegue por bainha, espadachim,
Vencer o receio, que é tanto,
E unir do ódio o reverso.

Pois nada lhe é a vingança
O ódio é passado
E a dor cicatriz;

É simples, é criança,
Vem de longe do pecado,
É sagrada imperatriz.

Tão simples, como é pequena!
Frágil brisa que encanta
Ao bailar do luar.

É pétala de pena,
O impossível que se levanta
Das sombras do mar.

Deixá-la então partir, deixá-la voar,
Ao encontro da vida
Num sorriso de compaixão!

Deixá-la por ela navegar
De vela ao céu estendida
Na infanta proa do coração!

O que Nunca Serei


Arde fogo em ebulição
Em mim que te ordeno.
Só, sózinha com este sentimento,
Quero a fúria em que desvaneço
Destilares embriagados de fome
Por quem o nada padeço.

E sangro a dor do teu olhar,
Torturo-me por vias do tacto,
Quebrando vidas, só minhas ditas,
Mas tudo és e o que nunca serei.
Só eu sou o que do nada poderei
Voltar um dia a ser no fugir.

Quebro então tempestades de sorrisos
Por entre a chuva que me resguarda
Do cruel corromper .
Não me sorriam que vos detesto
No meu inóspito sofrer.